quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Volta do Ai Ai,ai Ai,ai

Uma mistura de Diversão e Prevenção

  
Este projeto foi criado em meados do ano 2000, a pedido da Secretaria Municipal de Saúde de Santa Fé do Sul, no intuito de realizar uma grande campanha de conscientização com os adolescentes e jovens do município.
Os educadores que criaram o projeto passaram seis meses participando de congressos médicos que tratavam especificamente do tema e visitando unidades hospitalares específicas a fim de adquirir os conhecimentos necessários ao trabalho. 
A partir daí o projeto foi desenvolvido considerando dois aspectos fundamentais: a transmissão do conhecimento adquirido e a linguagem que seria utilizada para transmiti-lo.
Pesquisas mostram que numa palestra convencional, depois de cinco minutos, o público começa a dispersar e mesmo que não comece a conversar ou fazer outras coisas, já não presta atenção ao que o palestrante esta dizendo.  Muitas vezes, se for questionado sobre o assunto ao termino da palestra, o público não sabe o que dizer.
Considerando estes aspectos, foi criado um projeto chamado de “Showlestra”, que seria uma mistura de teatro de humor com palestra.

No período de 2001 a 2005 este trabalho foi realizado para milhares de adolescentes e jovens da região noroeste do Estado de São Paulo, em parceria com escolas, prefeituras e secretarias de saúde municipais. Depois disso a equipe passou a desenvolver outros trabalhos utilizando a mesma técnica e o tema DST/AIDS ficou esquecido. Nos últimos tempos, acompanhando os Boletins Epidemiológicos, percebemos algumas informações muito interessantes:
      O conhecimento da população jovem sobre as formas de infecção pelo HIV é alto,conforme os dois estudos que abordam o comportamento da população brasileira em relação à prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis, realizados pelo Ministério da Saúde em 2007 e 2008. (...) Os estudos apontaram que cerca de 97% da população de homens (de 15 a 24 anos) sabem que o uso do preservativo é a melhor maneira de evitar a infecção pelo HIV. Observou-se no estudo entre Conscritos que em torno de 20% dos jovens entrevistados em 2002 tiveram a primeira relação sexual antes dos 14 anos de idade, em 2007, esse percentual foi de 17,2%. (...) A população jovem, em geral (entre 15 e 24 anos), é a que mais usa o preservativo em todas as situações; comparadas com as demais faixas etárias, é a que mais tem parcerias casuais e a que mais obtém o preservativo de graça (41,4%, ao contrário dos jovens de 25 a 49 anos, 28,6%). (...) Na última relação sexual com parceiro casual nos últimos 12 meses, 68% dos jovens usaram o preservativo. Entretanto, apesar do conhecimento sobre a importância do preservativo, do seu alto uso na última relação sexual e do seu maior uso em relação às demais faixas etárias em todas as situações, o uso regular do insumo tem-se reduzido. Com parceiros casuais diminuiu de 63% (2004) para 55% (2008) e o seu uso com qualquer parceiro caiu de 53% para 43%.”
Boletim Epidemiológico 2011 – in A AIDS E O COMPORTAMENTO DOS JOVENS).
Estas informações geraram um questionamento: Porque eles não usam se sabem que é necessário? Porque não aplicam o conhecimento que tem em seu próprio benefício? Revendo depoimentos e situações vividas no período em que as Showlestras aconteceram, percebeu-se um fator importante: A EMOÇÃO. Segundo o psiquiatra e estudioso do funcionamento da mente, Augusto Cury, a formação da memória está diretamente ligada ás emoções.
O comentário que mais se ouve quando se interroga um jovem sobre o porquê de não ter usado preservativo é “nem lembrei”, o que caracteriza, de certa maneira, um problema de memória, visto que a emoção do momento suplantou a memória do risco. Percebeu-se então que, talvez essa informação que o jovem possui seja fria, distante, como ver uma guerra na televisão. Concluiu-se então que este pode ser o grande diferencial das Showlestras. Elas estimulam várias emoções, começando com o humor, o riso, que quebra barreiras e terminando com o choque de fotos e informações detalhadas, profundas, marcantes, como uma de uma paciente em estado terminal de sífilis terciária. Geralmente eles nem sabem o que é sífilis. O processo todo é estruturado de forma que o jovem não se sinta censurado, o que criaria uma rejeição imediata ao assunto, mas sim alertado sobre os riscos que está correndo. Acreditamos que estes sejam motivos suficientes para novamente criarmos uma grande campanha de prevenção, desta vez fora do âmbito regional, atingindo várias regiões do país.

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