sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Natureza Agradece

Sabe aquela garrafa pet que vai pro lixo, acaba entupindo bueiros e provocando enchentes, entre outras coisas?
Veja o que é possivel fazer com elas! Este castelo foi construido na cidade de Pirenópolis - GO, no Projeto Natal Mágico 2011. A equipe da Cia do Sol criou o projeto e orientou a construção, realizada pelas pessoas da comunidade. Com esse projeto, já foram retiradas mais de 10 MILHÕES de garrafas pet da natureza, ao longo de 15 anos de trabalho. A Natureza Agradece! 



O PROJETO
Depois dos acertos burocráticos, o projeto desenvolve-se da seguinte forma:
A primeira ação a ser realizada são palestras de Educação Ambiental, preparadas para ser compreendida por qualquer público, com apresentação de vídeos e histórias, que tem o intuito de sensibilizar toda a comunidade para a necessidade da preservação do meio ambiente, para os problemas causados pelo lixo reciclável, principalmente o plástico, criando assim uma motivação maior para o trabalho que será executado. Esta palestra é apresentada nas escolas, nos centros comunitários e em reuniões com representantes do comércio, dos clubes de serviços, das associações de bairros e de qualquer segmento da sociedade que queira se envolver no projeto. Cada município consegue envolver grupos diferentes. Chamamos esta fase Lançamento do projeto.
A partir daí o município confecciona cartilhas que serão distribuídas junto com a conta de água, para conscientizar a população e estimular a arrecadação das garrafas pet, material básico do trabalho. É montado um barracão, onde o projeto será desenvolvido e o município indica quem serão as pessoas responsáveis pela sua execução, sendo que a base é a escola. Mas geralmente o barracão é aberto à comunidade e qualquer pessoa pode ir até lá, aprender as técnicas e ajudar no trabalho. Essa mistura é estimulada para ampliar a diversidade de pessoas e estimular a capacidade de comunicação-integração dos participantes.
No primeiro encontro com as pessoas que participarão do projeto, é exposta uma idéia do que pode ser feito para decorar a cidade, os lugares que serão decorados, de maneira que todos possam participar da definição final do projeto, que, a partir daí, passa a ser de todos. Neste encontro fica bem claro, para todos, que o projeto terá as dimensões que eles quiserem.

Se fizerem muito, terão um projeto lindo; se fizerem mais ou menos... Esta postura distribui a responsabilidade pelo grupo, fazendo com que cada um se sinta responsável pelo resultado final.
A partir daí o trabalho é realizado por etapas, de simples realização, o que o torna democrático e acessível para todos, mas de grande quantidade, (um projeto bem pequeno processa 100 mil garrafas num ano), o que cria a necessidade de trabalho duro, de dedicação, comprometimento, cumprimento de metas, trabalho em grupo, responsabilidade.
Os idealizadores do projeto fazem visitas técnicas periódicas, para avaliação dos trabalhos realizados, transmissão de novas técnicas e definição de novas metas. Apesar de estar sempre à disposição para qualquer dúvida, a ausência dos educadores em tempo integral faz com que os participantes ousem mais, busquem a solução de problemas e até se arrisquem na criação de novas peças. Isso só é possível porque, neste caso, a postura dos professores é diferente, permitindo o erro, não negligente, mas o erro gerado pela busca de outras possibilidades.
No decorrer do projeto outros profissionais são envolvidos, gradativamente, ampliando cada vez mais o número de participantes e a participação destes. Serralheiro, pintor, eletricista, vão aos poucos se juntando aos participantes, aumentando mais o leque de conhecimentos que pode ser apreendido, visto que, o aprendizado não é padronizado, cada um aprende algumas coisas, diferente dos outros. Cada um evolui dentro das suas aptidões e das suas limitações, mas todos evoluem de alguma forma.
No último mês do projeto o número de pessoas envolvidas é espantoso. Já houve casos de envolvimento de mais de 500 pessoas trabalhando juntas numa mesma cidade. É a fase mais gostosa do trabalho, pois as peças começam a ser montadas nas ruas e ai o reconhecimento da comunidade age como um bálsamo nas mãos arranhadas de arame, queimadas pelos soldadores elétricos, o calor do sol não tem importância e eles se dedicam ao trabalho incansavelmente, a fim de deixar tudo o mais bonito possível.
É a partir daí que começa a brotar um sentimento que explode em cada um deles no momento da inauguração, quando as luzes se acendem: o prazer da realização, que só quem faz consegue sentir, e que é proporcional ao tamanho das dificuldades enfrentadas para alcançá-lo
 Neste ponto, o resultado superou o do teatro, visto que no teatro o ator recebe os aplausos da platéia, no máximo 500 pessoas, num espetáculo que dura perto de uma hora, e neste trabalho, é toda uma cidade, mais os visitantes que chegam aos montes, e que durante pelo menos um mês, vão elogiar o trabalho incansavelmente.
Existe ainda outro ponto em que este projeto supera os resultados do teatro. No teatro o psicodrama é representado, como diz Moreno, e este projeto cria um psicodrama “in situ”, muito mais forte, visto que os integrantes não estão escondidos atrás da máscara ou do personagem, mas são eles próprios e não estão envolvidos numa estória de mentirinha. Neste projeto tudo é bem real.
O fechamento é feito com grande inauguração, com queima de fogos para anunciar o inicio das festividades natalinas, o acendimento das luzes e um grande baile, na rua, para toda a comunidade. Neste encerramento, é apresentada uma retrospectiva de todo o projeto, para que a comunidade saiba quem o executou, com fotos de todo o processo. Dessa forma as pessoas sentem o reconhecimento pelo trabalho realizado, que além de tudo que já foi dito, ainda muda a concepção de trabalho, de obrigatório, chato, maçante, para desgastante, mas compensador, cansativo, mas gratificante. Aliás, a palavra que mais apareceu nos depoimentos dos participantes para descrever o processo foi “gratificante”, e a eloqüência desta palavra dispensa mais comentários. Este sentimento estimula o desenvolvimento escolar, visto que os participantes dedicam-se mais às aulas, a fim de fecharem as notas no terceiro bimestre e poder participar do período de montagem nas ruas.
Também é entregue um certificado para os integrantes do projeto, que são capacitados como eco-artesãos, o que oferece a possibilidade de geração de renda.
E temos ainda o resgate da tradição natalina, da relação familiar onde os pais levam os filhos para ver os enfeites e juntos se divertirem, e por outro lado, os pais dos participantes que passam a valorizá-los mais e considerá-los mais capazes. Assim, o projeto vai mostrando sua amplidão, sua interdisciplinaridade e vai construindo-se através da experiência que possibilita a união de vários setores em benefício da Cultura e da Educação em especial e da comunidade como um todo.

Um comentário:

  1. OLá, Solange e Giuliano

    Adoramos o trabalho de vcs
    ralmente ficou incrivel
    Parabéns.

    Um abraço
    mauricio de luciana SP

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